Guita Grin Debertt, em seu artigo “A
INVENÇÃO DA TERCEIRA IDADE E A REARTICULAÇÃO DE FORMAS DE CONSUMO E DEMANDAS POLÍTICAS”,
faz um apanhado da situação do idoso no Brasil. Segundo ela a “terceira idade”
é uma expressão que recentemente, e com muita rapidez, popularizou-se no vocabulário
brasileiro.
A autora usa Laslett (1987) para
ancorar sua tese. Laslett afirma que essa expressão se originou na França com
implantação, nos anos 70, das Universitès Du Troisième Age, sendo
incorporada ao vocabulário anglo saxão com a criação das Inuversities
of the Third Ate em Cambridge, na Inglaterra, no verão de
1981.
Para Debertt, a invenção da terceira
idade é compreendida como fruto do processo crescente de socialização da gestão
da velhice. Durante muito tempo – diz a autora – considerada como própria da
esfera privada e familiar, uma questão de previdência individual ou de
associações filantrópicas, a velhice se transformou numa questão pública.
Hoje em dia, a terceira idade deixou de
ser sinônimo de decadência, pobreza[1], de doença. É vista como uma nova fase da vida
da vida velha. Atualmente é dado ao idoso o direito de experimentar novas
sensações e descobrir novos valores. Com a reprivatização da velhice[2], que significa sua mutação da mesma em uma
responsabilidade individual, livre dos grilhões das comiserações alheias, o
idoso tomou para si as rédeas de seu tempo e saiu em disparada rumo à outra
margem da vida.
Entender como se dá esse processo é objeto da
“Gerontologia”[3]. Como nos faz recordar Guita Grin Debert, com
abordagem multidisciplinar, a gerontologia contribui para a constituição do
idoso em um problema social e se empenha na sensibilização da sociedade
brasileira para os dramas do envelhecimento.
Atualmente, nos países com condições
financeiras melhores o trato com a saúde tem proporcionado uma maior longevidade,
isso também proporcionou aos idosos um maior acesso à cultura e a educação.
Em um artigo apresentado no IV
Congresso Português de Sociologia (As Universidades da Terceira Idade em
Portugal) Esmeraldina Costa Veloso aponta o “rápido desenvolvimento
tecnológico e do conhecimento, juntamente com o fato de a educação começar a
ser, cada vez mais, perspectivada como um processo ao longo da vida,
valorizando e envolvendo outros contextos e agentes educativos ultrapassando a
visão limitada e exclusivista de educação como educação escolar e como
preparação para o mundo do trabalho, como alguns dos motivos para a reforma/velhice”.
Debertt , citando Arié (1981)
em seu estudo sobre História Social da Família e da Criança, escreve “(...) Se
a modernidade assistiu a emergência de etapas intermediárias entre a infância e
a idade adulta, assistimos atualmente a uma proliferação de etapas
intermediárias de envelhecimento.”
Isso é a descronologização da vida
pós-moderna, a reinvenção do idoso.
[1] Isso não significa que
devermos fechar os olhos para o grande número de idosos que vivem em péssimas
condições, sem auxílio das famílias e do estado.
[2] Termo cunhado por Guita
Grin Debert
[3] Campo de saber
específico, que aborda cientificamente múltiplas dimensões que vão desde a
geriatria como especialidade médica, passando pelas iniciativas da psicologia e
das ciências sociais, voltadas para a discussão de formas de bem estar que
acompanham o avanço das idades, até empreendimentos voltados para o cálculo dos
custos financeiros que o envelhecimento da população trará para a contabilidade
nacional.
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