domingo, 18 de setembro de 2011

A FILOSOFIA E OS PROFESSORES

O objetivo de Adorno em seu texto “A filosofia e os professores” é criticar a prova geral de filosofia dos cursos para a docência em ciências nas escolas superiores do estado de Hessen, Alemanha. A crítica do autor não visa somente àqueles que ficaram reprovados no exame, mas também – o que para ele é uma situação fatal – àqueles que foram aprovados.

Durante sua explanação o autor demonstra sua preocupação com o fado de a aprovação dos alunos se dar devido ao índice de acerto deles. Para o autor, isso não confirma que o aluno está apto para cumprir sua função. Adorno não está preocupado somente com os candidatos, mas também com os alunos que virão a ter aulas com este candidato, pois “(...) estão ameaçados de danos maiores por parte do espírito deformado e inculto”, dos professores. Pelo ponto de vista do autor, o exame deveria avaliar se aqueles que terão uma pesada responsabilidade pelo desenvolvimento real e intelectual da Alemanha, enquanto professores em escolas superiores, são intelectuais ou apenas profissionais. Para ele, compreender a relação entre ser ou não ser intelectual é fundamental, já que a mesma está diretamente ligada à essência da filosofia.

Nesse trabalho Adorno critica os “artesãos” das ciências particulares e os convida a se dedicarem à formação filosófica e depois às suas artes específicas. Ou seja, perpassar através do espírito filosófico desenvolvido, enquanto forma pura do saber, todas as matérias do ensino superior. Com isso, o autor chama a atenção para a importância da intelectualidade na vida acadêmica, onde, para ele, os saberes periféricos são tão importantes para a formação do profissional quanto o objeto por ele escolhido.

Porém, essa formação só pode ser adquirida mediante esforço espontâneo e interesse, e não pode ser garantida simplesmente por meio de frequência de cursos. Para haver formação cultural – diz Adorno – se requer amor. Para ele, quem não tem amor pelo saber não deveria se deter ao ofício de ensinar.

Outra preocupação do autor é com a linguagem, pois, segundo ele, é sobre a linguagem que se constitui o parâmetro original de qualquer reflexão filosófica. Adorno nos lembra que no horizonte da consciência encontra-se a lembrança de que um texto filosófico precisa formar um encadeamento lógico ou uma sequência fundamentada. O estilo da escrita também é observado por Adorno “(...) a formação cultural precisa corresponder à urbanidade, e o lugar geométrico da mesma é a linguagem.”

Concluindo, a falta de amor ao saber, a necessidade de profissionalização juntamente com seu interesse vai impor ao candidato a professor uma falsa opção que terminará por vitimá-lo. Então, para Adorno, os desprovidos das competências apropriadas sofrem as consequências disso exatamente no ponto de sua formação, quando tomam consciência das dificuldades, da ruptura entre a sua existência e a profissão. Adorno acredita que o próprio espírito, não restringindo àquilo que é fatual, porta em si aquele impulso de que subjetivamente se precisa. A obrigação de entregar-se ao movimento desse impulso, para ele, foi subscrita por todo aquele que optou por uma profissão intelectual.


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