domingo, 18 de setembro de 2011

A INVENÇÃO DA TERCEIRA IDADE

Guita Grin Debertt, em seu artigo “A INVENÇÃO DA TERCEIRA IDADE E A REARTICULAÇÃO DE FORMAS DE CONSUMO E DEMANDAS POLÍTICAS”, faz um apanhado da situação do idoso no Brasil. Segundo ela a “terceira idade” é uma expressão que recentemente, e com muita rapidez, popularizou-se no vocabulário brasileiro.

A autora usa Laslett (1987) para ancorar sua tese. Laslett afirma que essa expressão se originou na França com implantação, nos anos 70, das Universitès Du Troisième Age, sendo incorporada ao vocabulário anglo saxão com a criação das Inuversities of the Third Ate em Cambridge, na Inglaterra, no verão de 1981.

Para Debertt, a invenção da terceira idade é compreendida como fruto do processo crescente de socialização da gestão da velhice. Durante muito tempo – diz a autora – considerada como própria da esfera privada e familiar, uma questão de previdência individual ou de associações filantrópicas, a velhice se transformou numa questão pública.

Hoje em dia, a terceira idade deixou de ser sinônimo de decadência, pobreza[1], de doença. É vista como uma nova fase da vida da vida velha. Atualmente é dado ao idoso o direito de experimentar novas sensações e descobrir novos valores. Com a reprivatização da velhice[2], que significa sua mutação da mesma em uma responsabilidade individual, livre dos grilhões das comiserações alheias, o idoso tomou para si as rédeas de seu tempo e saiu em disparada rumo à outra margem da vida.

Entender como se dá esse processo é objeto da “Gerontologia”[3]. Como nos faz recordar Guita Grin Debert, com abordagem multidisciplinar, a gerontologia contribui para a constituição do idoso em um problema social e se empenha na sensibilização da sociedade brasileira para os dramas do envelhecimento.

Atualmente, nos países com condições financeiras melhores o trato com a saúde tem proporcionado uma maior longevidade, isso também proporcionou aos idosos um maior acesso à cultura e a educação.

Em um artigo apresentado no IV Congresso Português de Sociologia (As Universidades da Terceira Idade em Portugal) Esmeraldina Costa Veloso aponta o “rápido desenvolvimento tecnológico e do conhecimento, juntamente com o fato de a educação começar a ser, cada vez mais, perspectivada como um processo ao longo da vida, valorizando e envolvendo outros contextos e agentes educativos ultrapassando a visão limitada e exclusivista de educação como educação escolar e como preparação para o mundo do trabalho, como alguns dos motivos para a reforma/velhice”.

Debertt , citando Arié (1981) em seu estudo sobre História Social da Família e da Criança, escreve “(...) Se a modernidade assistiu a emergência de etapas intermediárias entre a infância e a idade adulta, assistimos atualmente a uma proliferação de etapas intermediárias de envelhecimento.”

Isso é a descronologização da vida pós-moderna, a reinvenção do idoso.



[1] Isso não significa que devermos fechar os olhos para o grande número de idosos que vivem em péssimas condições, sem auxílio das famílias e do estado.

[2] Termo cunhado por Guita Grin Debert

[3] Campo de saber específico, que aborda cientificamente múltiplas dimensões que vão desde a geriatria como especialidade médica, passando pelas iniciativas da psicologia e das ciências sociais, voltadas para a discussão de formas de bem estar que acompanham o avanço das idades, até empreendimentos voltados para o cálculo dos custos financeiros que o envelhecimento da população trará para a contabilidade nacional.

 


ANTROPOLOGIA NO BRASIL

Mariza Peirano em seu ensaio “Antropologia no Brasil” (Alteridade e Contextualidade) coloca como seu objeto: apresentar uma configuração típica-ideal para antropologia no Brasil. Para isso procura indicar, ao focalizar a produção da comunidade brasileira da antropologia, em que medida ela oferece uma oportunidade para se detectar elementos fundantes nos próprios centros metropolitanos, além de evidenciar em que sentido a disciplina, no Brasil, tanto acompanha a experiência desenvolvida em outro contexto quanto também difere delas.

Em seu texto, Mariza Peirano cita os estudos sobre “fricção interétnica de Cardoso de Oliveira (1963, 1978). Cardoso de Oliveira, segundo ela, via o contato com grupos indígenas como um indicador sociológico para se estudar a sociedade nacional, isto é, seu processo expansionista e sua luta pelo desenvolvimento.

Como já citamos acima, um dos objetivos de Peirano é apresentar uma configuração típica-ideal para a antropologia no Brasil. Dentro deste recorte, mencionar o trabalho de Cardoso de Oliveira é muito oportuno, pois a “fricção interétnica” foi considerada por muitos uma inovação teórica da antropologia feita no Brasil. Essa noção apareceu como bricolagem de preocupações indigenistas e inspiração teórica sociológica, revelando uma situação na qual dois grupos são dialeticamente unidos através de seus interesses opostos. A “fricção interétnica” de Cardoso de Oliveira veio dar um polimento teórico e transformar a preocupação indigenista no Brasil em tópico legitimamente acadêmico.

Como, muito apropriadamente, coloca Mariza Peirano, “fricção interétnica” foi proposta em um contexto no qual as teorias de contato, tanto britânicas (Malinowski) quanto norte-americanas (Redield, Linton e Herskovitz), haviam se provado inadequadas. Assim, ainda segundo a autora, Cardoso de Oliveira as substituiu pelo somatório singular que fez da preocupação indigenista de Darcy Ribeiro, da sociologia de Florestan Fernandes e dos trabalhos de Balandier. Dessa maneira, tornou-se um caso típico de descendência intelectual a combinar inspiração “local” e empréstimos externos.

Nestes termos não é bom perder de vista a intenção de Peirano, quando ela diz no primeiro parágrafo do texto: “Por muito tempo a antropologia foi definida pelo exotismo do seu objeto de estudo e pela distância, concebida como cultural e geográfica, que separava o pesquisador do seu grupo de pesquisa. Essa situação mudou. Mesmo nos centros socialmente legítimos de produção antropológica (...) hoje o ideal do encontro radical com a alteridade não é mais dimensão considerada essencial na antropologia”.

            A ideia de que a alteridade é um aspecto fundante da antropologia, como ela mesma afirma, sem a qual a disciplina não reconhece a si própria é um dos argumentos centrais desse ensaio. Para isso, ela faz uso, e muito bem, do ponto de vista de Cardoso de Oliveira. Mariza Peirano lembra que quando a noção de “fricção interétnica” foi proposta, uma cena peculiar se desenvolvia “(...)Dividindo o mesmo espaço institucional e, mais importante, frequentemente envolvendo os mesmos pesquisadores, muitos estudos foram realizados nos quais, de um lado, se examinavam os sistemas sociais indígenas e, do outro, se analisava o contato interétnico”. 

            Para dar suporte a sua argumentação a autora também cita outro projeto de Cardoso de Oliveira (Oliveira & Rubem, 1995) que tinha o propósito de estudar diferentes estilos de antropologia, com a proposta de focalizar experiências nacionais diversas[1].

            Para entendermos melhor a importância de Cardoso de Oliveira para o ensaio Mariza Peirano, vamos traçar algumas considerações sobre “fricção interétnica” que extraímos do site Recanto das Letras – WWW.recantodasletras.com.br

“O conceito de fricção interétnica toma a questão indígena como motivação para se pensar a sociedade nacional, através da presença de algum modo ‘incômoda dos grupos tribais’ (Roberto Cardoso de Oliveira), o índio era um indicador sociológico para aqueles que estudavam a sociedade nacional, seu processo expansionista e sua luta para o desenvolvimento, o estudo sobre os negros serviu ao mesmo propósito para Florestan Fernandes, a antropologia moderna no Brasil descende mais dos estudos de Florestan Fernandes sobre a integração do negro que das suas análises sobre os tupinambás” (Peirano, 1981)

                Para a autora do texto no site Recanto das Letras Bianca Wild

“(...) no entendimento do senso comum, fricção interétnica seria o “atrito” entre etnias diferentes, culturas diferentes, ocasionando a apropriação de práticas, conflitos e junções ora negativos ora positivos e até mesmo a ocorrência de conflitos identitários, sendo assim traços culturais passam de uma sociedade para outra, como nos “estudos de aculturação”, ou instituições e atores concretos (porém imaginados em termos de “papéis sociais”) atuam como mediadores de complexas relações de confronto entre grupos humanos que se concebem como culturalmente distintos (sem que lhes ocorra indagar o que significa este ‘culturalmente’) como nos estudos de fricção interétnica iniciados por Cardoso de Oliveira em 1962”.

                E, pelo nosso prisma, é exatamente este tipo de atrito que Luiza Peirano vem tentando explicar em seu ensaio quando considera o exotismo a diferença limite para apreensão antropológica. Quando a autora separa as alteridades: (a) alteridade radical, (b) contato com a alteridade, (c) alteridade próxima e (d) alteridade mínima, atesta que se é correto pensar que uma cultura mundial dos tempos precisa de constantes empréstimos, tanto na direção das metrópoles para as periferias ideológica quanto no sentido oposto, ela propõe um diálogo teórico e empírico que ultrapasse barreiras nacionais, ou seja, para ela, é fundamental desenvolver “universalismos plurais”, que situem, inclusive, “universalismos metropolitanos” e, ao mesmo tempo, reflitam a contingência de vivermos no Brasil. Enfim, uma fricção interétnica como propões Cardoso de Oliveira, com a qual ela dialoga.

 

Obras Citadas

Algumas considerações sobre fricção interétnica.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/498022

 

           

             



[1] Este projeto a que Peirano se refere foi concebido como um exame de antropologias “periféricas” – destinadas a disciplinas que não sejam centrais ou metropolitanas. Segundo a autora esta disciplina foi bem sucedida em determinado pais, por ter se adaptado sem perder sua cientificidade.

 


A FILOSOFIA E OS PROFESSORES

O objetivo de Adorno em seu texto “A filosofia e os professores” é criticar a prova geral de filosofia dos cursos para a docência em ciências nas escolas superiores do estado de Hessen, Alemanha. A crítica do autor não visa somente àqueles que ficaram reprovados no exame, mas também – o que para ele é uma situação fatal – àqueles que foram aprovados.

Durante sua explanação o autor demonstra sua preocupação com o fado de a aprovação dos alunos se dar devido ao índice de acerto deles. Para o autor, isso não confirma que o aluno está apto para cumprir sua função. Adorno não está preocupado somente com os candidatos, mas também com os alunos que virão a ter aulas com este candidato, pois “(...) estão ameaçados de danos maiores por parte do espírito deformado e inculto”, dos professores. Pelo ponto de vista do autor, o exame deveria avaliar se aqueles que terão uma pesada responsabilidade pelo desenvolvimento real e intelectual da Alemanha, enquanto professores em escolas superiores, são intelectuais ou apenas profissionais. Para ele, compreender a relação entre ser ou não ser intelectual é fundamental, já que a mesma está diretamente ligada à essência da filosofia.

Nesse trabalho Adorno critica os “artesãos” das ciências particulares e os convida a se dedicarem à formação filosófica e depois às suas artes específicas. Ou seja, perpassar através do espírito filosófico desenvolvido, enquanto forma pura do saber, todas as matérias do ensino superior. Com isso, o autor chama a atenção para a importância da intelectualidade na vida acadêmica, onde, para ele, os saberes periféricos são tão importantes para a formação do profissional quanto o objeto por ele escolhido.

Porém, essa formação só pode ser adquirida mediante esforço espontâneo e interesse, e não pode ser garantida simplesmente por meio de frequência de cursos. Para haver formação cultural – diz Adorno – se requer amor. Para ele, quem não tem amor pelo saber não deveria se deter ao ofício de ensinar.

Outra preocupação do autor é com a linguagem, pois, segundo ele, é sobre a linguagem que se constitui o parâmetro original de qualquer reflexão filosófica. Adorno nos lembra que no horizonte da consciência encontra-se a lembrança de que um texto filosófico precisa formar um encadeamento lógico ou uma sequência fundamentada. O estilo da escrita também é observado por Adorno “(...) a formação cultural precisa corresponder à urbanidade, e o lugar geométrico da mesma é a linguagem.”

Concluindo, a falta de amor ao saber, a necessidade de profissionalização juntamente com seu interesse vai impor ao candidato a professor uma falsa opção que terminará por vitimá-lo. Então, para Adorno, os desprovidos das competências apropriadas sofrem as consequências disso exatamente no ponto de sua formação, quando tomam consciência das dificuldades, da ruptura entre a sua existência e a profissão. Adorno acredita que o próprio espírito, não restringindo àquilo que é fatual, porta em si aquele impulso de que subjetivamente se precisa. A obrigação de entregar-se ao movimento desse impulso, para ele, foi subscrita por todo aquele que optou por uma profissão intelectual.


STARTANDO


Hoje em dia, quem fala, lê, ou escreve apenas em português está frito.

Qualquer aparelhinho comprado em um outro país vem no mínimo em três idiomas.

Basta uma olhadinha para as pontas dos seus dedos enquanto escreve uma mensagem por meio do teclado de seu computador para compreender o que eu estou falando: insert, home, page up, delete e o escambau.

O pior é que tem gente que já está misturando tudo. É um portugalizar sem fim.

Na semana passada, encontrei um amigo que havia me convidado para fazermos um trabalho juntos. Depois de um grande abraço foi logo cobrando:

- Quando é que a gente vai “startar” o nosso projeto?

Moçada, “hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás!”.

Como diz Max Gehringer em seu livro CLÁSSICOS DO MUNDO CORPORATIVO daqui alguns dias vamos chamar o Herótodo Barbeiro de Herótodo Hair Stylist.

 


CABARÉ DE RATO

Aracaju está crescendo. Está virando metrópole. Tem até zona de expansão. Bom lugar para se viver. A paisagem é deslumbrante. A quietude extasiante. Um verdadeiro retrato do, quase, paraíso. Quase. Falta água todos os dias ao pretendente. Quando chove, o telefone fica mudo. E, para a gente não ver o pior, a luz sempre falta. Eu acredito que, realmente, estou morando numa zona de expansão. Nunca vi tamanha expansão do descaso. Tem terrenos baldios enormes que, sem cercas, viram depósitos de lixo. E o asfalto? Bem, segundo a teoria de botequim, muito bem fundamentada, do meu amigo Gélio Albuquerque “quando aparece um buraco no asfalto, a prefeitura vem e asfalta o buraco”.

Espero que a zona de expansão não se transforme numa expansão da zona. Como diz uma amiga minha muito querida: “Isso aqui está virando um cabaré de rato!


ANA E O MAR

Ana era uma menina tímida. Tão tímida que, por vergonha, não se olhava no espelho. Não se olhando no espelho, então, não podia ver quão aveludada era a sua pele. O quão rosa eram os seus lábios. O quão sedosos eram os seus cabelos. O quão deslumbrantes eram seus olhos. O quão simétrico era o seu nariz. O quão retilíneo era o seu corpo. O quão expressivas eram as suas mãos. O quão delgados eram seus pés.

Ana não se olhava no espelho, porque não se via nele. Um dia, Ana viu o mar e se apaixonou. Identificou-se com ele plenamente. Então, deixando toda a timidez de lado, tomou coragem e perguntou:

_ Oh, divino e maravilhoso mar. Águas donas desta terra. O que vejo em ti, que reconheço em mim? Não sou nada diante de tanto poder. De tanta imensidão. O que trago em mim que me leva a ti?

Então, o mar, como tudo que é grande também é simples, simplesmente respondeu:

_ O que vês em mim que te lembra a ti, não é nada que se meça. Não é nada que se compare. O que vês em mim, que te lembra a ti é o mistério. De ser calmo, violento, raso, profundo, adorável, temível, enigmático, revelador, finito e infinito, feio e bonito. Afinal, não há como esconder o que se é.

Depois daquele encontro com o mar, Ana nunca mais deixou de se admirar no espelho. Ficava horas e horas olhando cada detalhe do seu corpo. E a cada dia descobria uma nova menina que se tornava lentamente mulher. E quando alguém lhe perguntava:

_ Ana, o que há nesse espelho que você tanto olha?

 Ela respondia:

_ O invisível.


A MIDIA E O MEIO


“A forma que a mídia aborda a violência”. Esse foi o tema da redação quando prestei vestibular, em 2009 para ingressar na Universidade Federal de Sergipe. Foi, mais, um ano em que a UFS a mídia utilizou como tema. Então, vamos à mídia.
Mas, primeiro, é preciso saber do que estamos falando. Há algum problema em recorrermos ao tio Aurélio? Não! Então, vamos lá.
[Do ingl. (mass) media, ‘meios de comunicação (de massa)’; o ingl. media advém do neutro pl. do lat. medium, ‘meio’, ‘centro’, forma subst. do adj. lat. medius, a um, ‘que está no meio’, inicialmente us. na acepç. geral de ‘meio’, ‘meio termo’.] Substantivo feminino. 1.Comun. O conjunto dos meios de comunicação, e que inclui, indistintamente, diferentes veículos, recursos e técnicas, como, p. ex., jornal, rádio, televisão, cinema, outdoor, página impressa, propaganda, mala-direta, balão inflável, anúncio em site da Internet etc. 2. Veículo de mídia (1): O jornal é a melhor mídia para anúncio de serviços profissionais. 3.Prop. O conjunto de meios de comunicação selecionados para a veiculação de mensagem ou de campanha publicitária. [Sin. (ingl): media mix.] 4. Prop. Atividade profissional direcionada ao planejamento da mídia (3) e à veiculação de anúncios, comerciais etc. 5. Prop. Setor de agência de propaganda responsável pelo planejamento e coordenação de mídia (4). 6.O suporte ou a tecnologia us. para gravação ou registro de informações, como, p. ex., CD, fita DAT, videoteipe, impresso etc. 7.P. ext. Gír. Profissional que atua na mídia (4). Mídia alternativa. 1. Prop. Mídia (1) de menor custo, e em veículos de recursos e de alcance restrito, como painéis em mobiliário urbano (q. v.), cartazes em estações de metrô, anúncio em sites da Internet, luminosos em táxi, filipetas etc., e que exclui as opções mais abrangentes e de maior custo, como comerciais em televisão, anúncios em jornais de grande circulação etc. Mídia digital. 1. Mídia (1) baseada em tecnologia digital, como, p. ex., a Internet e a TV digital. 2. Mídia (7) que utiliza gravação digital de dados, como, p. ex., o CD-ROM, fita DAT, disquete etc. Mídia eletrônica. 1. Comun. Mídia (1) que inclui, esp., o rádio e a televisão. [Incluem-se tb., nessa categoria, o cinema e outros recursos audiovisuais.] [Cf. jornalismo eletrônico.] Mídia impressa. 1. Comun. Mídia (1) que inclui, esp., jornais e revistas. [Incluem-se tb., nesta categoria, outros recursos impressos de comunicação, como mala-direta, folder, catálogo etc.]

Perceberam?

Mídia não é só televisão. A televisão, por ser o mais forte veículo de comunicação (de massa), absorveu, quase que literalmente, o significado – mídia.
Ela é poderosa, mas não detém o poder. A gente é que confere poder a ela.

Para auxiliar na reflexão dos candidatos foram apresentados  dois textos. Um condenava a televisão por exibir indiscriminadamente, em tempo real, em seus noticiários, a violência que assola o nosso país. O outro texto absolvia. O tema, embora recorrente, não deixa de ser interessante. Porém, o que me preocupa é o fato de ligarmos a palavra mídia diretamente à televisão, esquecendo os outros meios. Por que isso acontece?

Vamos pensar juntos:
A criança que entrou este ano na primeira série do ensino fundamental – segundo a revista DOM – com sete anos de idade, antes de botar o pé dentro da escola pela primeira vez e assistir à sua primeira aula, já tinha assistido a cinco mil horas de televisão.  Pois bem, que culpa tem a televisão se os pais estão terceirizando a educação dos seus filhos? Lembro de uma campanha da M TV que dizia “Desligue a televisão e vá ler um livro”.

Voltando ao tema do vestibular, um dos textos dizia que a televisão era culpada pelo aumento da criminalidade, pois exibe muita violência em seus telejornais. Será? Pensem comigo, os telejornais de maior audiência na TV aberta brasileira não passam de 45 minutos, enquanto os programas evangélicos têm no mínimo 2 horas de exibição. Nesta proporção, hoje o Brasil seria o céu, não é verdade?

Muito bem, só para lembrar o escopo (escopo é ótimo) deste texto:
1. televisão não é a mídia, mas sim um componente dela.
2. Hoje, todo aparelho de televisão vem com um componente chamado controle remoto.



 

 

PARIS É PRECISO

Preciso voltar a Paris.
Paris é necessário. Paris é urgente.
Aquela coisa toda.
Aquela monumental e esbaforida claridade que tira o fôlego da gente.
Aquele Sena. Aquele it.
Preciso voltar a Paris.
Mas, não como um turista.
Preciso voltar a Paris como um viajante do tempo.
Sem bagagem. Sem máquina fotográfica. Sem guia. Sem nada.
Nada de ruim. Nada de desagradável. Nada de dolorido.
Preciso deixar Paris entrar novamente em mim com toda sua art nouveau.
Toda cidade aberta só para mim.
Preciso me ver novamente do alto do Montparnasse.
Topar com Toulouse Lautrec em um dos bordéis e pintar com ele uma boemia pós-moderna.
Preciso voltar a Paris.
E que Deus me Louvre de esquecer qualquer centímetro do Bairro Latino.
Paris é essencial na vida de qualquer pessoa. Até mesmo para aquelas que nunca estiveram lá.
Aliás, eu acho que de uma forma ou de outra todos nós já estivemos em Paris ou então já trazemos Paris dentro de nós desde o berço.
Paris é beleza. Paris é movimento. Paris é brilho. Paris é vida.
Ah... preciso voltar a Paris.
Preciso deslizar num “barteaux parisien” e fitar as pontes por baixo, com os mesmos olhos de menino traquino que miram as pernas das meninas descortinadas pelas saias suspensas pelo vento.
Preciso deixar a brisa parisiense me beijar novamente com aqueles lábios de Mona Lisa, sínicos e profanos.
Preciso queimar minha Joana D´arc na fogueira das vaidades que só Paris consegue acender.
Preciso sentar a uma mesa, tomar “caffe au lait” e apreciar a cidade passar elegantemente por mim.
Minha alma pede bis.
Definitivamente, preciso voltar a Paris!

QUEM NÃO SE COMUNICA...

É incrível como as pessoas continuam se comunicando mal.
Comunicação - de sentimentos - o ato que nos difere dos outros animais, continua sendo algo irrelevante para tanta gente.
Quantas pessoas se comunicam sem realmente se interessar em dizer algo, principalmente o que sentem.
Revisitando Lair Ribeiro em seu livro COMUNICAÇÃO GLOBAL A ARTE DA INFLUÊNCIA, temos o caminho e teimamos em não segui-lo.
Para Lair a comunicação é a mais básica e vital de todas as necessidades, depois da sobrevivência física.
Muita gente se esquece da importância de se comunicar bem.
Às vezes nos importamos tanto com o que dizemos que chegamos a esquecer o que e como as pessoas estão nos compreendendo.
Ainda em Lair Ribeiro descobrimos que “quanto mais a educação se faz através de palavras menos comunicativas as pessoas ficam”.
Segundo o mestre da neuroliguistica “ comunicação é arte e ciência. É impressionante o que se perde de energia no mundo, a cada dia, com os erros de comunicação. Memorandos mal escritos, explicações mal formuladas, recados mal transmitidos, solicitações mal-entendidas, conversações mal formuladas...Tudo isso provocando prejuízos econômicos, trabalhos recusados...esforços desperdiçados...conflitos pessoais...”
Talvez a máxima: se não gosta do que está recebendo, preste atenção do que está emitindo, ainda não tenha entrado na cabeça da maioria das pessoas.
Quando a mensagem não produz resultado é desperdício.
Quantas vezes você contou seus problemas para outras pessoas “porque precisava desabafar”.
Xiiiiii....detesto matemática, mas certos números nos encaminham para um nível de raciocínio muito lógico: 80% dos que escutam não estão nem ai; e 20% ficam felizes porque você tem problemas. Portanto, siga o conselho do mago, não perca tempo contanto seus problemas para os outros.
O velho guerreiro Chacrinha já dizia: “ quem não se comunica se trumbica”. Amigo, quem não se comunica bem, se arromba.
Comunicação é um poço de problemas.
Para nos ajudar a entender esse imbróglio vamos pedir a ajuda da psicóloga América Rodríguez de Allende:
Você desejaria aprender a se comunicar melhor? Em primeiro lugar, vejamos se podemos definir o que significa boa e má comunicação. A boa comunicação tem duas características: você expressa seus sentimentos de forma aberta e direta, e anima a outra pessoa a fazer o mesmo. Você explica como pensa e como se sente e tenta escutar e compreender o que a outra pessoa pensa e sente. De acordo com esta definição, as idéias e os sentimentos de ambas as pessoas são importantes.

Do mesmo modo que a boa comunicação implica tanto falar como escutar, a má comunicação implica a negação a compartilhar seus sentimentos abertamente ou a escutar o que a outra pessoa tem para nos dizer.

Adotar uma postura de discutir e ficar na defesa é um sinal de má comunicação. Um contradiz o outro sem tentar compreender seus sentimentos, projeta mensagens sutis que dizem: “Só me interessa divulgar meus próprios sentimentos e insistir em que você esteja de acordo comigo”.

Outro sinal de uma má comunicação é negar seus próprios sentimentos e mostrá-los de forma indireta, comportando-se de forma despectiva ou adotando um tom sarcástico. Isto é denominado “agressividade passiva”. A agressividade ativa é, igualmente, sinal de má comunicação, quando desafia a outra pessoa, a ameaça ou dá um ultimato.

A lista de “características de uma má comunicação” que, na seqüência, será descrita, esclarecerá o que você deve evitar para não entrar em conflito com alguém. É possível que reconheça diversos maus hábitos que podem criar alguns problemas. A mudança destas atitudes pode melhorar consideravelmente o modo de se relacionar com as outras pessoas e evitar consideráveis desgostos.

Características de uma má comunicação:

• RAZÃO: você insiste que tem razão e a outra pessoa está errada.

• CULPA: você afirma que a outra pessoa é a culpada de que tenha acontecido determinado problema. Não admite ter errado em alguma coisa, nem reconhece algum defeito.

• CONTRA-ATAQUE: em vez de reconhecer como a outra pessoa se sente, você responde à crítica dela, criticando-a.

• DESVIO: ao invés de se ocupar da situação que ambos estão vivendo no momento presente, você enumera toda uma lista de motivos de queixa sobre injustiças do passado.

Algumas mudanças de atitude:

• AFIRMAÇÕES DO TIPO “ME SINTO”: você expressa seus sentimentos com afirmações tipo “me sinto” (como, por exemplo, “me sinto preocupado”), mais do que com afirmações como “você” (por exemplo, “você está errado” ou “você está me deixando furioso”).

• TÉCNICA DO ELOGIO: você encontra algo realmente positivo para dizer à outra pessoa, até mesmo quando a discussão está no apogeu. Isto indica que respeita a outra pessoa apesar de ter divergências com ela.

Como podem perceber, é possível evitar muitos problemas entre duas pessoas, eliminando velhos vícios de comunicação. Lembrem-se de falar sempre na primeira pessoa, falar de seus sentimentos e de não jogar a culpa no outro.
Bem queridos (as) amigos (as), isso não é uma panacéia, mas, com certeza, pode ajudar e muito. Bom, pelo menos esta é a intenção deste post.
Seja feliz

CARTA DE AMOR

Dizem as boas línguas que a tecnologia aproxima as pessoas. Temos e-mail, Twitter, MSN, face book, Orkut, celular, webcam e o escambal. Tudo isso para ficarmos mais pertinho. O problema é: mais pertinho de quem cara pálida?

Estamos mais sós do que nunca nesse mundo de meu Deus. Cada um no seu PC.
O computador hoje em dia está substituindo a comunicação face a face. Somos siameses da mesma solidão. Estamos todos na rede. Juntos mais separados do que nunca.

Quero citar aqui um texto de Rubens Alves que li no livro de Margarida Maria Moura sobre a obra de Franz Boas:

“Uma carta de amor é um papel que liga duas solidões. A mulher está só. Se há outras pessoas na casa, ela os deixou. Bem pode ser que as coisas que nela estão escritas não sejam nenhum segredo, que possam ser contadas a todos. Mas para que a carta seja de amor, ela tem de ser lida em solidão. Como se o amante estivesse dizendo:
- Escrevo para que você fique sozinha .

É este ato de leitura solitária que estabelece a cumplicidade, pois foi da solidão que a carta nasceu. A carta de amor é objeto que o amante faz para tornar suportável o seu abandono. (...) Nada diz sobre o presente do amante distante. Daí sua dor. O amante que escreve alonga os seus braços para um momento que não mais existe. A carta de amor é um abraçar do vazio. (...) A carta é paciente (...). Uma carta contra o rosto – poderá haver coisa mais terna? Uma carta é uma mensagem. Mesmo antes de ser lida, ainda dentro do envelope fechado, tem a qualidade de um sacramento, presença sensível de uma felicidade invisível”

O mundo não escreve mais carta de amor.
Só um ridículo nunca escreveu uma carta de amor já dizia o poeta Álvaro de Campos:

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Álvaro de Campos, 21-10-1935



Então, estamos vivendo num mundo ridículo. Frio como as teclas de um computador. Devassado pelo Google Earth. Fazendo sexo virtual (valei-me meu Jesus Cristinho amado). Aproximamos de nós cada vez mais o desconhecido, o alheio, o grande irmão.

Sinto saudades das cartas de amor. Sinto saudade de esperar por ela.Sinto saudades dos seres ridículos.

Hoje pessoas se relacionam pelo MSN – plin escreveu – plin – o outro já recebeu – plin o outro já respondeu – pli...plin...plin...plin...

Estamos agonizando. Vivendo cada vez mais rápido. Morrendo cada vez mais rápido. Claro que você caro leitor, inteligente como é, logo vai indagar: como assim, morremos cada vez mais rápido se hoje em dia o homem está vivendo mais? Bom, se você chama isso de vida, concordo.

É claro que sem toda esta tecnologia você não estaria lendo este texto agora. Realmente talvez não. Mas estaria lendo um livro, ou quem sabe uma poesia de Álvaro de Campos, que com certeza escreve bem melhor que eu.

É muito bom estar JUNTO de você de novo - desculpe a ousadia do gesto.

PRESENTE

Em uma de minhas viagens conheci uma moça muito doida. O nome dela é Ana Lidia. Gaucha. Despachada. Digamos que pelo tamanho, espaçosa. Linda. Olhos verdes. Dona de uma gargalhada fenomenal. Compradora compulsiva. Produtora de eventos. Um show de pessoa. Divertirmos-nos muito juntos. Quando estávamos indo da Espanha para a França ela disse: “quero lhe dar um presente para tu nunca mais se esquecer de mim”. Era um livro de Marta Medeiros – DOIDAS E SANTAS. Confesso que nunca tinha lido nada de Marta Medeiros e também não entendi muito o porquê dela me presentear com aquele livro. Bom, ali mesmo comecei a ler as crônicas do livro. Nesse dia nevava muito e a França havia fechado a fronteira com a Espanha. Ficamos mais de dez horas parados. Seria cômico se não fosse trágico. No começo tudo bem, já que muitas pessoas no ônibus nunca tinham visto tanta neve na vida. Gente, era neve pra mais de metro. Mas depois começou a ficar difícil. Sem água, sem banheiro, sim, porque os ônibus de turismo na Europa não têm banheiros e, sem comida, pois eles não permitem a entrada de comida – que é para não deixar o ônibus cheirando mal. Bom para abreviar, algumas horas depois de parados, as mulheres já estavam saindo em grupo para fazer xixi nos Pirineus e o pessoal de tanta fome começou a comer até o lanche do filho de uma turista amiga nossa. Bem, mas voltando assunto deste post, ali mesmo comecei a me enfronhar no universo de DOIDAS E SANTAS. Deparei-me com coisas que jamais havia pensado. Crônicas deliciosas e uma carpintaria literária fantástica. Em um dos seus contos, por sinal um dos meus preferidos – OBRIGADO POR INSISTIR – ela diz: “(...) Obrigado por insistir para que eu conhecesse Veneza, do contrário eu ficaria para sempre fugindo de lugares turísticos e me considerando muito esperto e com isso teria deixado de conhecer a cidade mais surreal e encantadora que meus olhos já viram. (...) Obrigado por insistir para eu voltar para você, para eu deixar de ser adolescente e aceitar uma vida a dois. (...) Obrigado por insistir para que eu deixasse você e fosse seguir a minha vida, obrigado pela confiança de que seríamos melhores amigos do que amantes. (...) Obrigado por insistir para eu cortar o cabelo, obrigado por insistir para eu dançar com você, obrigado por insistir para eu voltar a estudar.” E termina Marta Medeiros: “(...) Em tempo em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo”. Li o livro todo enquanto ficávamos ali parados. Foi uma viagem dentro de outra viagem. Na dedicatória minha amiga Ana Lidia colocou: “Que este livro fique como residual de uma viagem fantástica com amigos tão queridos”. E ficou.

VAIDADE

Em seu texto "CRÍTON" Platão nos insere espírito legalista de Sócrates e nos mostra o quanto para ele – Sócrates – o Estado estava acima de todas as coisas, até mesmo de sua própria vida. Podemos começar nossa crítica perguntando: não teria Sócrates caído no pecado da vaidade quando rejeitou a proposta de Críton? Pois, se não, vejamos: sabedor que não lhe restava mais tanto tempo de vida, não teria Sócrates feito de si um mártir da filosofia com o propósito de servir de exemplos aos seus discípulos de quão importante é a constância das idéias para um filósofo? Se fugisse Sócrates prolongaria um pouco mais sua vida na terra, mas em contrapartida, destruiria tudo o que havia edificado e viveria na desonra, já que a covardia seria sua companheira até o fim. Assim, me parece que muito mais que o amor pelo Estado, Sócrates prova que tem amor maior por suas próprias idéias, a tal ponto de morrer por elas. Dizem que a vaidade acadêmica só perde para a vaidade do mundo fashion. Imaginemos que Sócrates não tivesse tomado cicuta. Consequentemente não teria morrido. Viveria mais algum tempo entre os seus discípulos e poderia deixar um legado maior. Mas, quando esse legado é a morte em nome do que se acredita, existe algo maior? Outra coisa que o texto deixa bem claro é que Sócrates era um ótimo perguntador, mas, não tinha a mesma eficiência ao responder, quanto tinha ao perguntar. Se ao contrário fosse, poderia muito bem ter fugido e depois, com toda a inteligência que lhe era peculiar, articulado boas respostas para as questões que ele mesmo apresentou.

sábado, 17 de setembro de 2011

VIVA O FÁCIL

O que é o amor? Aonde vai dar?
Segundo Caetano Veloso “... a gente nunca sabe o lugar certo de colocar o desejo”.
Mas há um lugar certo para se colocar o desejo?
O que fazer com as doidices do coração?
Coração não segue tijolos amarelos .
Há cada escolha, mil novas escolhas se nos apresentam.
Perdemos-nos com freqüência na busca incessante pelo mágico de nós porque temos a mania de querer sempre complicar as coisas.
Dizem alguns que coisa fácil não tem graça.
Perai...quer dizer que para ter graça tem que ser difícil?
Alguns seres humanos são complicadores.
Por que tudo não pode ser tão simples? Tudo natural?
Por que Ana Paula Arózio não pode simplesmente ligar para mim e me convidar para
jantar?
Será que se isso me acontecesse eu deveria dizer que minha agenda esta lotada e que
não vai dar, só para dificultar?
Veja o Dunga por exemplo. Bem que ele poderia ter convocado o Nilmar e o Ganso.
Mas não convocou. Por quê? Pra dificultar.
Precisamos aprender a valorizar o fácil.
O trabalho fácil.
A conquista fácil.
A mulher de vida fácil.
O difícil enche o saco.
Escalar pau-de-sebo todo dia é dose pra leão.
Tenho um amigo que não transa com mulher virgem que é para não ter trabalho.
Guimarães Rosa nos ensina: “Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difí¬cil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.”
Fácil, não é?

MANUAL DO FIM DO CASAMENTO

Gente, eu juro que este não é um blog de auto-ajuda, mas, eu achei tão interessante esta matéria que encontrei na internet que resolvi dividir com meus fiéis seguidores.
Bom, para começo de conversa, se você ainda não passou por uma separação, espero que nunca passe. Se você esta passando por este processo, tenha calma, pois, tudo passa. E se você já passou, sorte sua, já passou.
Infelizmente tudo tem um fim nesta vida. Inclusive a própria! Grande novidade. Mas, a questão é que, mesmo sabendo que hoje em dia os casamentos estão cada vez durando menos, as pessoas ainda insistem em casar. Por quê? O que acontece com esta instituição quase falida, que cada vez mais gente quer se associar a ela? Qual o mistério? Qual a magia?
Casamento não vem sozinho. Traz com ele o tédio, a mesmice, a desconfiança, o ciúme, a posse. Claro também trás a cumplicidade, o dormir de conchinha, o companheirismo, a dedicação ao outro, a nova família – não vou falar de filhos, porque filhos não dependem de casamento.
Cabe a cada um ver os prós e contras do casamento. Pelo que se pode perceber os prós ganham de goleada. E tome casamento.
Tem gente que não quer casar, prefere morar junto. Ah...para ai...isso é um casamento disfarçado, no final da no mesmo.
Tem gente que prefere casar e morar em casa separada. Tudo bem ta valendo. Isso ajuda a fugir de alguns problemas do casamento. Mas resolve? E se é para casar e morar em casa separada, para que casar? Fica namorando pro resto da vida uiai.
Bom, mas o importante é que o casamento está ai com toda a sua bagagem contendo coisas boas, coisas mais ou menos e coisas ruins.
Estou desenvolvendo uma teoria sobre o casamento que gostaria de compartilhar com vocês. Estou chamando de TEORIA DO CHICLETE, lá vai:
Casamento é igual chiclete. No começo é todo molinho docinho. Depois com o passar do tempo ele vai perdendo o gosto, ficando duro. Chega uma hora que a gente não sabe o que faz com ele. Ou fica com ele na boca de um lado para o outro ou então joga fora. Mas tem gente que não quer jogar fora e coloca o chiclete na geladeira. Outros colam na cabeceira da cama. Uns mais malvados colam o chiclete embaixo da cadeira. Fingem que ele não existe. Mas, basta um descuido e pronto, lá está ele dando o ar da sua graça.
Mas pessoal todo mundo sabe disso. Isso não é mais novidade pra ninguém. Porém, as pessoas continuam casando e se descasando.
O “até que a morte os separe” é pura formalidade. Agora é: até que a vida os separe, até que a vizinha os separe, até que o professor gostosão da academia os separe e por ai vai.
Mas as pessoas insistem em casar.
Outro dia uma amiga minha estava lendo um livro com um titulo muito interessante: O MARIDO PERFEITO MORA AO LADO. Ela disse que o livro é ótimo. Para dizer a verdade, eu como sou ex-marido, não gostei muito não.
Bom, o importante é que, já que não podemos nos livrar desse negócio – e é um negócio mesmo – chamado de casamento, o importante é saber conviver com ele e com o fim dele também. Então como prometi, aqui está à matéria que encontrei na internet.
Apreciem sem moderação.
Ah, só para lembrar, eu estou solteiro, mas louco para casar de novo.

O casamento acabou? A separação está doendo agudo? Então veja como atravessar as diferentes fase do processo de superação para que você possa lidar com maturidade quando o casamento acaba. Esteja preparada para as oscilações de sentimentos que vem pela frente.
A separação está doendo agudo? Então veja como atravessar as diferentes fases do processo de superação para que você possa lidar com maturidade quando o casamento acaba. Esteja preparada para as oscilações de sentimentos que vem pela frente.
Segundo o Godes, Grupo de Orientação para Descasados, criado pela psicoterapeuta Jacy Bastos, é preciso se permitir passar por essas fases. O sofrimento é inevitável, mas é possível de ser superado.

A DECISÃO
Os problemas da relação se tornam visíveis e insustentáveis. Qualquer atitude do parceiro é motivo para discórdias e discussões. Em certos momentos você fraqueja e sente medo de seguir a diante sozinha. Há uma série de fatores que estão além da relação amorosa que influenciam sua decisão. Entretanto, você se dá conta de que os prós foram cobertos pelos contras e decide expor toda situação.

A NEGAÇÃO
É a fase que você tenta acreditar que as coisas não estavam tão ruins assim. Tenta apaziguar os problemas para diminuir a dor do rompimento. O ser humano é ambivalente e os sentimentos também, portanto, vai levar tempo para que você se conscientize que tomou a decisão correta.

FRACASSO
Ninguém inicia uma relação pensando em terminar. Quando termina, o chão some e a tendência é achar que nunca conseguirá fazer com que alguém te ame novamente.

CULPA
Nesse momento a cabeça é tomada por uma série de questionamentos. “Onde foi que eu errei?”, “Por que o outro não gosta de mim?”, “O que aconteceu?”.

REJEIÇÃO
É difícil aceitar que a pessoa amada já não quer mais ficar com você. Diante disso, a auto-estima cai e a pessoa se sente desinteressante e pouco atraente. Cuidado para não se humilhar demais ou transformar a mágoa em rancor.

MEDO
Ele pode variar de pessoa para pessoa, mas sempre estará presente. Todas as suas certezas viram dúvidas e isso assusta. Medo de não conseguir ser feliz de novo, ficar sem ninguém para sempre, reconstruir a vida financeira e emocional sem ninguém.

OS ALTOS E BAIXOS
Existirão dias em que você vai se sentir muito bem e dias que não terá vontade de viver. Seu humor vai oscilar como uma onda. Não de desespere, essa sensação é normal. Com o passar do tempo, os dias ficarão mais fáceis e você aprenderá a lidar com a perda.

MANTER AMIZADE OU QUERER VINGANÇA?
Romper o cordão umbilical com quem era tão próximo não é fácil. Mas o tempo será seu aliado nesse momento e o afastamento será inevitável, mesmo que a separação tenha sido amigável. Não se sinta na obrigação de entender o que a pessoa que você amava está sentindo e permita-se sentir ciúme e sentimentos de posse, mas não deixe que eles tomem conta de você. Se souber que o outro alguém esta seguindo em frente te deixa mal, não procure querer saber sobre isso. Não cultive ódio porque sua relação não deu certo, esses sentimentos só fazem mal e corroem o coração.

COMEÇAR DE NOVO
Para aceitar essa nova realidade será preciso coragem e vontade de querer ser feliz novamente. Você sentirá medo e que algo está fora do lugar. Diante dessa situação, procure manter por perto pessoas queridas e que lhe fazem bem nos momentos de solidão. Não desanime diante das dificuldades.



A PERDA DEFINITIVA
Esse sentimento vem quando a pessoa que você amava começou um relacionamento com outro. Tristeza, acessos de ciúme e comparação com o novo amor vão aparecer. É a constatação de que sua relação acabou e que existe outro alguém em seu lugar.

Por Cínthya Dávila (MBPress)

SAUDADE DE VINICIUS DE MORAES

Hoje na quietude absoluta do meu esconderijo interferi abruptamente no meu tédio. Revisitei vários cd´s e dvd´s da minha coleção. De repente deparei com uma raridade que eu nem lembrava mais que tinha – um DVD com um show de Vinicius. Miucha, Tom Jobim e Toquinho – meu Deus que prazer.
Vinicius como de costume acompanhado por uma garrafa de uísque e fumando muito –naquela época não havia este patrulhamento que existe hoje em dia. Já pensou alguém chegar para Vinicius e dizer: Poetinha o seu show está cancelado porque não se pode fumar nesta casa?
Eu não fumo, mas sou a favor da liberdade que o ser humano tem de escolher como quer morrer.
Vendo Vinicius fumando daquele jeito lembrei-me do meu grande amigo Rafael Galvão. Já imaginou o Rafael escrevendo seu blog sem um cigarro do lado?
O cigarro para Vinicius era um companheiro inseparável, assim como o uísque, Toquinho e a poesia.
Calma, este post não é para fazer apologia ao cigarro é, simplesmente, para falar de um DVD com Vinicius de Morares.
Vinicius é uma lenda. Ele dizia que o homem não pode comer todas as mulheres do mundo, mas tem obrigação de tentar.
Lina Souza – das Moendas - que por muito tempo foi back vocal de Vinicius contava que ele tinha a mania de receber as pessoas intimas em sua casa no banheiro, mais precisamente na banheira.
Quem me apresentou a Vinicius de Moraes foi meu tio Zito. Homem fino, de bom gosto, corintiano - talvez eu deva rever o “bom gosto”. Estávamos no Guarujá. Foi exatamente no dia da morte do poetinha. Meu tio chorava indisfarçadamente . Pela comoção dele percebi o quanto ele amava Vinicius.
Meu tio Zito arranhava um violão e gostava de cantar baixinho, quase sussurrando. Como eu era criança não entendia porque ele cantava tão baixo. Só mais tarde descobri que ele era fã de João Gilberto – isso é bossa nova, isso é muito natural.
Um dia desses, enquanto tomava uma cerveja num bar da Aruana e tinha como back ground uma música horrível de um desses grupos - que até hoje eu não sei o ritmo que eles tocam, pois, ao meu ver, eles falam mais que cantam e uma música é igual a outra ou seja, é tudo uma merda só.
Gente, eu sei que gosto é igual nariz, que cada um tem o seu e blá blá blá. Mas, falando francamente, isso me fez pensar: bem que Vinicius poderia ressuscitar e nos tirar desse inferno musical, porque, ouvir estes grupos de rapsambarregode o tempo todo é triste. Como diz meu tio Zito: vai tomar na peida sô!

ESQUERDA E DIREITA NO LIMBO

O sociólogo e professor da USP Francisco de Oliveira em um artigo na revista Caros Amigos de abril intitulado “Direita, volver!” faz uma critica ao desaparecimento da esquerda e da direita na política brasileira. Segundo ele a dificuldade de se definir o que seja e quem seja de direita no Brasil é devido a convergência para o centro do espectro político.
Nesse ponto ele concorda com Chantal Mouffe – uma das defensoras da democracia radical – onde em seu texto DEMOCRACIA, CIDADANIA E A QUESTÃO DO PLURALISMO pergunta

- o que é uma sociedade democrática? É uma sociedade pacificada e harmoniosa onde as divergências básicas foram superadas e onde se estabeleceu um consenso imposto a partir de uma interpretação única dos valores comuns? Ou é uma sociedade com uma esfera pública vibrante onde e muitas visões conflitantes podem se expressar e onde há possibilidades de escolha entre projetos alternativos legítimos?
Enquanto para Francisco Oliveira

- a linha divisória entre direita e esquerda, desde os dias em que se definiram as posições dos assentos na Convenção revolucionária de 1789, corta entre os que querem ampliar os direitos do povo e dos indivíduos e os que tentam manter os privilégios originalmente de berço e de herança e posteriormente no capitalismo.

para Mouffe

- a obscuridade das fronteiras entre direita e esquerda que temos presenciado nas sociedades ocidentais, e que é frequentemente apresentada como um signo de progresso e maturidade, é, na opinião dela, uma das mais claras manifestações da fraqueza da esfera pública política.

A pergunta que não quer calar é: a quem pode interessar esse limbo? Quem ganha com isso?
Esta ida da política para o centro esta levando com ela a paixão. A apatia esta tomando conta do processo.
Mouffe diz em seu ensaio que

- a atual apatia com a política que testemunhamos em muitas sociedades democráticas liberais origina-se do fato de que o papel desempenhado pela esfera pública política está se tornando cada vez mais irrelevante.

Será que é por isso que vemos um domínio crescente do setor jurídico?
Será que diante da impossibilidade crescente de enfrentar o problema da sociedade de uma maneira política, é a lei que é acionada para prover soluções para todos os tipos de conflito como questiona Chantal Mouffe?
A arte da política em harmonizar tudo, em tentar sempre o consenso, não estaria evitando o choque de idéias e também o aparecimento de novas proposituras?

CONSIDERAÇÕES SOBRE A VERDADE

Jean-Marie Auzias em seu livro CHAVES DO ESTRUTURALISMO faz o seguinte questionamento (...) Quais são as estruturas da verdade?
Segundo ele, a verdade é um brinquedo e está num vaivém entre os que a dizem. Nesse vaivém – continua ele – a verdade que se oculta, empaca e volta atrás, como um vagão lançado numa linha e que parte de novo. E o brinquedo é pois o seguinte: quando digo a verdade minto, porque a verdade não foi posta a prova. É uma falsa verdade. Para o autor é preciso suspeitar de toda verdade que se oculta sob as aparências enganosas da evidência e do enunciado verdadeiro. Há coisas que se escondem com as evidências – insiste Jean-Marie. Para ele as gavetas secretas do conhecimento estão sempre vazias, mas a nossos olhos, as verdades oferecidas trazem sua mentira.
Quantas vezes querido leitor você já ouviu alguém dizer: eu não sou o que pensam. Será que essa pessoa não está dizendo isso somente para nos despistar?
Estamos em época de eleição. São tantas promessas. Tantos comprometimentos. Tanto disse-me- disse, que não poderia haver momento mais propicio para se falar sobre a verdade. Como chegar até ela. Como identificá-la. Vamos tentar seguir com a ajuda do autor.
Dentro do conceito por ele estipulado, a verdade verdadeira é reconhecida por certos indícios bizarros, singulares, quiçá extravagantes. O verdadeiro - do ponto de vista dele – apresenta resíduos que não se quer conhecer.
Quando falamos, não é conteúdo que vale: é a intenção.
Veja se ele pode estar certo. Quantas vezes você já foi ofendido por alguém e esse alguém logo após a ofensa virou para você sinicamente e disse: desculpe se te ofendi, eu não tive a intenção?!
Com que intenção isso foi dito para mim? Ou seria a intenção também uma mentira?
Talvez Jean-Marie esteja realmente certo. O verdadeiro apresenta resíduos que não se quer conhecer, principalmente na política.
Nos dias de hoje em que a maioria do povo brasileiro tira sua conclusão baseada no Jornal Nacional, que é um universo midiático totalmente dirigido por intenções, é preciso ficar atento.
Uma vez, a Emilia – boneca de pano do Sitio do Pica Pau Amarelo – explicou direitinho o que era a verdade segundo seu ponto de vista. Para mim – disse Emilia – a verdade é uma mentira bem contada que ninguém consegue descobrir.
"Devemos ter ciência que a Verdade não é propriedade de ninguém, de nenhuma raça. Nenhum indivíduo pode reclamar sua exclusividade. A Verdade é a natureza simples de todos os seres..." (Swami Vivekananda - Mestre Indu). Mas, se isso é realmente verdade sobre a verdade, porque há tanta mentira? Tanta enganação?
Platão, diz que a verdade é tudo o que explica como as coisas são e a mentira como as coisas não são. Podemos também afirmar que a verdade é o contrário da ilusão; porque a ilusão consiste em fazer-nos tomar a aparência por realidade. Por esta ótica temos que ficar atentos em realação àqueles políticos que prometem tirar coelhos da cartola, fazer desaparecer problemas num passe de mágica.
Marcos Mendonça em seu ensaio VERDADE E POLITICA DIZ:
“A existência da verdade é questionada a todo o momento pelos cidadãos que elegeram os governantes. Os exemplos de mentiras perpetradas por governantes ao longo da história, que só depois de algum tempo vem ao conhecimento público, tais como o comportamento dos reis católicos na Espanha na idade média, juntamente com a igreja católica na inquisição, os argumentos de Hitler para transformar a Alemanha em potência mundial, as mentiras do presidente Bush para justificar a invasão do Iraque, mostram o quanto os grandes políticos utilizam-se da mentira organizada, ou mentira de Estado, para justificar as suas finalidades, e que muita vezes redundam em catástrofes e genocídios. O comportamento político vem ao longo dos tempos se distanciando da verdade quando conveniente ao político.”
Está vendo? Ai está novamente à bendita intenção.
Cabe aqui uma pergunta: porque será que o eleitor não se incomoda com as mentiras dos políticos? Será que é porque ele também mente? E nesse caso seria o roto falando do amassado?
No site A VERDADE SUFOCADA (A HISTÓRIA QUE A ESQUERDA NÃO QUER QUE O BRASIL CONHEÇA) na matéria Em Busca do Voto afirma:
“Lula dá novo aumento e faz subir pressão por reajustes
Servidores da Câmara terão até 38%; Senado quer plano de cargos - O Globo
Junto com o reajuste de 7,7% dos aposentados que ganham acima do mínimo, o presidente Lula sancionou, para servidores da Câmara, aumentos que vão de 15% a 38% e custarão cerca de R$ 500 milhões. Comissões da Casa aprovaram projetos recompondo valor de aposentadorias que, se virarem lei, vão onerar os cofres públicos em R$ 90 bilhões por ano. No Senado, servidores aguardam um novo plano de cargos e salários de mais R$ 380 milhões. Sobre o aumento dos aposentados, o presidente Lula disse que o gasto extra será compensado com o aumento do consumo por esta categoria e negou que sua decisão tenha tido interesse eleitoral.”
Seguindo este exemplo cabe a pergunta: o que Lula disse é verdadeiro? Para os beneficiários dessas medidas, pouco importa onde está a verdade, aqui, mais que nunca o importante é a intenção.
Em João 8:32, ele disse: "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará ." Considere as implicações desta afirmação. Será?

PATINHO FEIO É A MÃE

Eu me lembro de uma campanha que foi feita há alguns anos para divulgar o turismo da nossa cidade, em que em dado momento se via a seguinte frase: “Aracaju a cidade das águas peroladas” (mais ou menos isso). A ideia na época penso eu, devia ser inserir o nosso estado no mesmo contexto em que se encontra Maceió, com sua Pajuçara e seu azul piscina. Então... Aracaju a cidade das águas peroladas... (deu pra entender?). Preparando a minha viagem de final de ano, como de costume, visitei alguns blogs especializados no assunto. Encontrei o site do Ricardo Freire http://www.freires.com.br/ um “viajandão” profissional. Olha o que ele diz a respeito de Aracaju:
“Quando você considera apenas a praia, Aracaju é o patinho feio das capitais litorâneas do Nordeste. Sua costa sem recortes e seu mar de águas eternamente turvas não tornam fácil a vida dos fotógrafos de cartão postal.” Eu acho que era sobre isso que a campanha falava. Nossas águas são eternamente turvas e eles queriam fazer disso uma atração turística. Quanto às águas turvas eu até posso concordar, pois, nossa areia está em suspensão, o que deixa a coloração da água não turva – Freire – perolada. Agora, patinho feio do nordeste é a mãe. Que mãe? Qualquer uma, menos a sua e a minha. Desculpe, baixou o Rafael Galvão em mim, mas tem coisa que não dá pra engolir. Antes que você fique “p” da vida com ele, devo acrescentar que ele continua seu texto traçando alguns elogios ao nosso estado e nossa cidade. Pô, mas tem que ser assim, primeiro morde para depois assoprar. Veja como ele tenta consertar as coisas: “Mesmo sem uma orla exuberante, no entanto, Aracaju tem seus encantos: trata-se de uma cidade bonita, arrumada e muito agradável -- arborizada, com trânsito fluido e sem miséria aparente. A qualidade de vida é a mais alta entre as capitais de seu porte no Nordeste; Aracaju chega a ser chamada de "a Suíça nordestina". Não é que ele quase conseguiu. Mas o patinho feio ainda está entalado na minha garganta. Tenta de novo Freire. “A cozinha local, capitaneada pela carne-de-sol, pelo pirão de leite e pelo caranguejo, é deliciosa. E a cidade está muito bem localizada para passeios interessantes, como ao cânion do Xingó, no rio São Francisco, às cidades históricas de São Cristóvão e Laranjeiras e à praia de Mangue Seco (que, apesar de estar na Bahia, tem acesso mais fácil por Sergipe).” Aqui, me perdoem, ele escorregou de novo. Freire, para nós, Mangue Seco, Tieta e até as cabras da Teita, pertensem a Sergipe. Se não é de fato, é de direito. Depois de dar mais algumas dicas sobre Aracaju, Freire chuta o balde: “Afinal, vale a pena ir para Aracaju? Se você sonha com dias dias gloriosos numa praia de pôster de paraíso, não. Mas se você busca um lugar tranqüilo e vagamente exótico, de onde você pode fazer vários passeios bacanas a lugares que pouca gente conhece, então você vai gostar. ” Vale a pena vir para Aracaju? Vale. Vale e vale muito.Aqui você vai encontrar um povo maravilhoso, hospitaleiro, bem humorado e metido a besta, que é a melhor coisa do mundo. Aqui, todo mundo anda de carro novo. Sergipano quando quer fazer compras não vai para rua 25 de Março, vai para a Rodeo Drive. O sergipano se orgulha de ser o que é, e como é. Nossa água eternamente turva ou perolada, como queiram, tem uma temperatura morna deliciosa que quando a gente entra, não quer mais sair. Nossa mar tem marolas, que acariciam o nosso corpo, ao invés de ondas cavalares que nos impõe caldos vexaminosos. Aracaju não precisa de olhos azuis. Aracaju tem charme. Tem “it”. Vale a pena vir para Aracaju?Vale. Vale e vale muito. Eu sei que você querido (a) leitor (a) vai dar uma espiadinha no site do Freire e ler a respectiva matéria. Devo dizer que entendi sim as colocações dele, apenas, não concordo com algumas delas.Ah, e antes que eu me esqueça: patinho feio do nordeste é a mãe.

QUANTO VOCÊ PENSA QUE VALE?

Ontem, eu estava na empresa de um cliente, quando eu presenciei a seguinte cena:Patrão; fui fazer uma entrega na casa de uma nova cliente, o senhor precisa ver que coisa boa. Fiz tudo direitinho. Entreguei o produto. Falei das vantagens que ela iria ter com a aquisição. Li a carta de agradecimento da empresa, li com emoção, do fundo da minha alma. A mulher, quase chorou. Apertei a mão do filho dela, também felicitando o garoto pela compra que a mãe dele acabava de fazer. Fiz tudo conforme manda o figurino, dei tudo de mim. Depois, para fechar eu entreguei um chaveiro da nossa empresa para mulher. Patrão, e não é que o chaveiro fez toda a diferença. A mulher me agradeceu tanto. Disse que nunca tinha sido tão bem tratada assim. Que iria indicar o nosso produto para todas as pessoas que ela conhecia. O chaveiro patrão, fez toda a diferença. Gente, bem que eu tentei ficar calado, mas não suportei. Disse ao vendedor, que ele tinha feito um trabalho brilhante. Agendou uma visita na casa da cliente. Fez a venda. Agiu como um verdadeiro consultor. Entregou a mercadoria na data certa. Empenhou-se ao máximo para ver a cliente satisfeita, até declamou uma carta de agradecimento. E vem-me dizer ele que foi o chaveiro que fez toda a diferença. Meu filho - continuei - foi o seu trabalho. O seu atendimento. A sua atenção. O seu carinho para com a cliente e a família dela, que fizeram toda a diferença, não o chaveiro. Temos que aplaudir você, e não o penduricalho. Levantei-me de onde estava e comecei a aplaudir o vendedor de pé. Todos que estavam ouvindo a história fizeram o mesmo. Agora eu pergunto: e você? Quantas vezes você já se trocou por um chaveiro? Quantas vezes você deixou de se dar o verdadeiro valor? Lembre-se: você vale o quanto você pensa que vale. Este será o valor que as pessoas darão a você e ao seu trabalho.

PALAVRA

Porque a palavra já não fala por si? Tem sempre um alguém por detrás deturpando tudo o que ela realmente quer dizer. Será que a sobra de tudo o que somos nós são palavras, porque, primeiro se fez o verbo? Estou procurando uma palavra honesta, sem arroz e nem feijão, sem Lupicinio e sem Djavan. Sem regras. O pleonasmo sobe pra cima, desce pra baixo, sai pra fora, mas continua aí, firme o forte. O verbo transitivo direto, hoje não é mais tão direto assim. Talvez nem transe mais, afinal, com tanta D.S.T. até pra ele fica difícil. Estamos sempre na voz passiva, alíás, pacifica demais para o meu gosto. O caminho é o do meio, hoje já está meio de bandinha.
O verbo é o de ligação: ficar. Ficar com ninguém. Vivemos na era do auto homossexualismo, a gente se come.
Vamos ouvir Caymme. Vamos escutar o vento.

MERCADORIA


Tom Jobim dizia que fazer sucesso no Brasil é ofensa pessoal. Eu me lembro uma vez que Jobim cedeu uma música sua para ser usada em uma propaganda da Coca-Cola. Nossa, a intelectualidade de plantão na época caiu de pau. O interessante foi a resposta que Tom Jobim deu a pergunta que fizeram : porque ele tinha feito aquilo? Ele respondeu: precisava da grana. Mas pelo jeito não é só no Brasil não. Há algum tempo li uma matéria na Bravo - bravonline. abril.com.br – onde discutia a arte Damien Hirst, um artista plástico inglês que ficou bilionário. Só para vocês terem uma idéia, o leilão inovador que o artista promoveu com 223 obras, vendendo seus trabalhos diretamente aos consumidores, sem passar pelos marchands foi um verdadeiro sucesso. Segundo a revista, Hirst surpreendeu o mercado ao passar por cima de suas fiéis galerias. A matéria questiona se a arte pode ser tratada como mercadoria. A meu ver é exatamente isto que a arte é. Uma mercadoria. Ok, uma mercadoria diferente, mas ainda assim, uma mercadoria. E como tal, pode ser vendida do jeito que lhe for melhor. Caetano Veloso faz do seu dom, sua arte, mercadoria. Ele vende esta arte e vive dela. Assim como Oscar Neymaier, como Ronaldinho Gaúcho, como o Menino do Tchan, e por aí vai. Damien Hirst é o Paul McCartney das artes plásticas. Será que é o conceito de sua arte ou a fortuna que ele conseguiu fazer que está incomodando tanta gente? Para mim ele é simplesmente do balacobaco. Quem conhece SUMMER sabe do que eu estou falando. É interessante assistir a briga de Hirst com seus críticos. Ver sua indignação. Parece que eu estou vendo qualquer hora ele pegar um quadro seu e sair quebrando por ai. Eu me lembro a primeira vez que fui ao museu do Prado em Madrid. Parei em frente ao quadro Guernica de Picasso e chorei de emoção. Eu se fosse possível, gostaria te ter aquela mercadoria para mim.


Só para você saber, o polêmico leilão superou todas as expectativas e arrecadou a impressionante soma de £ 111.464,800, o equivalente a US$ 200.752,179. Se Damien Hirst é realmente um artista plástico ou simplesmente um administrador dos fundos bancários de sua própria arte é discutível. Agora, o que não se discute é o seu potencial em fazer dinheiro. Ele pode ser qualquer coisa, menos um embuste como diz Robert Hughes crítico australiano e o algoz de Hirst. Ninguém consegue enganar tanta gente, tanto tempo e por tanto dinhei